::O Canarinho Pop
Hoje, quando saía de Petro City (Petrópolis, região serrana do Rio, cidade onde meus pais vivem) para vir para Niterói, fui surpreendido por um presente de meu pai: um CD – pirata – da Mariah Carey. Tratava-se do recentíssimo Charmbracelet, que ainda nem vi nas lojas, mas que já está entre os mais vendidos nos camelôs. Agradeci, guardei na mochila, e resolvi ouvi-lo no caminho. Eta CD ruim!
E olha que quem dá o parecer é um cara que tem nada mais, nada menos do que TODOS os CDs da mais loira e peituda das divas Pop. É, confesso que gostar de música pop é um dos meus maiores pecados. Mas Charmbracelet é uma negação total. Não que esperasse algo incrível da Mariah, mas ela conseguiu fazer algo mais trevas que o fracassadíssimo Glitter, trabalho até então mais recente e que, por pior que fosse, contava pelo menos com as regravações das boas “Last Night a DJ Saved My Life” e “Didn´t Mean To Turn You On”.
Charmbracelet é um álbum que você ouve com vontade de que acabe logo, pois não agüenta mais tanta chatice. Mariah, canta fininho que nem um canário, como já era de se esperar, mas se esquece de usar o bom e velho vozeirão de deixar qualquer um boquiaberto, como nos tempos de “Hero”, ”Without You” e das não tão antigas ”My All” e “I Still Believe”. A criatividade também ficou lá pra trás. Charmbracelet é uma sucessão de 15 faixas nas quais Mariah tenta mostrar que deu a volta por cima – pra quem não está inteirado do assunto, ela passou recentemente por sérias crises profissionais e existenciais, não necessariamente nessa ordem – e está de volta ao pop que a consagrou como a maior artista da década de 90 (prêmio formalmente dado a ela pela publicação norte-americana Billboard) e como a cantora que só perde em termos de popularidade para Elvis e Os Beatles. O que conseguiu foi me decepcionar profundamente.
Há que se considerar os méritos da moça, afinal, não é qualquer um que vende algo em torno de 200 milhões de discos em uma década de carreira. Mas também temos que saber admitir que nem o maior dos artistas acerta sempre a mão. E Mariah definitivamente não é a maior. É no máximo, uma das. Vivendo um momento que não é lá dos melhores.
Conselho de amigo: esqueça Charmbracelet. Ou se não resistir à curiosidade de ouvi-lo para dar o seu parecer, siga os passos de meu sábio pai: compre o CD pirata. A decepção e o prejuízo serão menores. Já se estiver apenas a fim de continuar o pecaminoso hábito de ouvir música pop, vá até uma loja da CDs e compre um álbum qualquer da Madonna ou da Bjork que não tenha. Porque até para pra pecar devemos ter limites. E bom gosto.
2.1.03
Publicada por fitomaia. à(s) 04:23
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