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Minha escola de samba do coração é a Mocidade Independente de Padre Miguel, o que, no entanto, nunca me impediu de admitir que, em um ou outro carnaval, ela não mereça o título de campeã. Como nesse ano. A escola veio bonita, correta, com um enredo que tinha tudo pra não vingar (sobre doação de órgãos), mas que foi muito bem contado por Chico Spinoza. O que faltou, na verdade, foi o padrão Mocidade de qualidade. O que faltou foi Renato Lage, carnavalesco fenomenal que deu à Mocidade a fama de escola dos desfiles high-tech; que tornou a escola sempre favorita ao título; que nos presenteou com carnavais incríveis, como o de 1996, quando a escola levou seu último campeonato com o enredo "Criador e Criatura".
Renato agora é Salgueiro e, como já era de se esperar, conseguiu tornar a escola uma das favoritas desse carnaval (faturou o Estandarte de Ouro 2003, prêmio dado pelo jornal O Globo). Sinceramente não acho que o Salgueiro mereça ser campeão. Sei que pode parecer discurso de um "torcedor" órfão da Mocidade. E é. Mas não só isso. Sempre preferi o carnaval futurista do Renato a suas incursões mais tradicionais, como a desse ano - a história do Salgueiro. Aplaudi e sempre vou aplaudir seus carnavais, mas virar salgueirense, nunca!
Os desfiles de 2003 foram, no geral, espetaculares e surpreendentes, provando que o carnaval do Rio definitivamente não é uma festa ultrapassada e que muitas histórias ainda têm que ser contadas na Sapucaí. Eu aposto minhas fichas no bicampeonato da Mangueira, pela originalidade ao falar de um tema supostamente "batido" - os dez mandamentos - e pelo requinte das fantasias, alegorias e coreografias (a ala representando a abertura das águas do Mar Vermelho já valeu o desfile). E que fique bem claro que minha torcida não tem nada a ver com o fato de eu ser aluno do IACS, a escola mangueirense.

Comissão de frente da Mangueira: alguém ousa dar um 9,5?
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