Pai é quem pare e cria
Quatro anos atrás o nerd convicto que aqui escreve foi seduzido pelo então nascente boom de uma tecnologia: os weblogs ou diários virtuais. Eles já eram realidade nos Estados Unidos e diários de brasileiros já pipocavam aqui e ali na blogosfera quando o conceito passou a ser divulgado no Brasil. A idéia era criar mecanismos que facilitassem a divulgação de conteúdos na Internet. Bastava se cadastrar em um servidor, que lhe entregava a embalagem prontinha, cabendo a você produzir o "recheio". Chegávamos enfim à era em que qualquer sujeito minimamente versado em Internet poderia ter uma página na web. E o melhor: gratuitamente.
Precursores, o Desembucha.com e o Weblogger Brasil foram os primeiros sites nacionais a oferecer o serviço. A febre foi tamanha do lado de cá do continente que o Desembucha não conseguiu dar conta do número de usuários e jogou a toalha. O Weblogger Brasil, que nunca foi digno de muitos elogios, só resistiu porque foi incorporado ao portal Terra, e confesso que não sei a quantas anda em termos de qualidade. A solução para muitos blogueiros na época foi sediar suas páginas no americano Blogger.com que, justiça seja feita, com os anos só fez melhorar e é um dos servidores mais eficientes até hoje.
Com o tempo, surgiram novos servidores e a idéia se popularizou, ao passo em que teve seu status elevado. Se no início, o blog era encarado como um passatempo de adolescentes carentes que recorriam à web para relatar sua rotina fútil, não demorou muito para entendermos que o potencial dos diários virtuais era bem maior. Jornalistas passaram a aderir à idéia e a produzir coberturas alternativas de fatos do dia-a-dia. Pudemos chegar mais perto dos "formadores de opinião" ao alcance de um clique e constatar que eles também existiam e pensavam fora das páginas de revistas e jornais. Por meio de diários de cidadãos afegãos e iraquianos, acompanhamos o outro lado da guerra gananciosa do governo Bush, vendida por ele e pela mídia como um extermínio dos males do mundo.
Em termos de febre, os blogs foram superados pelo Fotolog e, posteriormente, pelo Orkut, ambos baseados no mesmo conceito de divulgação rápida e fácil de conteúdos. O que não significa que o blog se tornou coisa do passado. Pelo contrário, penso que vivemos o momento ideal da existência dele. Os blogueiros que resistiram ao boom são, em maioria, aqueles realmente interessados em produzir textos de conteúdo relevante e em utilizar o espaço como um braço, uma extensão do exercício criativo. O blog extrapolou os limites acadêmicos e estrelares e hoje não é raro encontrar professores, mestres, doutores e artistas de renome neste universo sedutor.
Quem entende o mínimo possível de assuntos como interatividade, sociedade da informação e democratização nas comunicações, se deixa facilmente seduzir pela possibilidade de um fluxo contínuo e quase anárquico de informações. Pois embora existam páginas e pessoas que despertem maior interesse nos internautas, hoje todos podemos ser produtores de conteúdo. Cabe frisar que falamos de democratização das comunicações no espaço virtual, entre a pequena e privilegiada parcela de brasileiros com acesso à Internet. É fato que ainda estamos muito distantes de um mundo democrático no quesito informação - e não apenas neste. Constatação que não deve nos desanimar, muito menos excluir o mérito dos weblogs.
Depois de tantas idas e vindas, o PQP entra em seu quinto ano de existência com o mesmo objetivo de sempre: ser um espaço de constante exercício do meu eu criativo. É aqui que me desnudo em versos e reflexões, que emito opiniões sobre o mundo que me cerca, que aproveito algumas produções externas de um quase jornalista que ainda sonhava em sê-lo quando aterrisou por aqui, se auto-intitulando o poeta que pariu. E continua parindo. Espremendo ao máximo os neurônios, tentando fazer de cada combinação de palavras, de cada linha e cada texto um novo parto. De filhos que nem sempre são belos e perfeitos como a gente gostaria que fosse.
Mas como diz minha mãe, filho a gente não escolhe, a gente tem e cria. Se der pra amar, é melhor pra todo mundo. E esse filhão aqui chamado PQP tá crescendo lindo e belo porque é muito amado!
Parabéns pra ele!
# PS: à propósito, a foto é dá página de um diário - DE PAPEL MESMO - que relata o dia em que o poeta pariu o PQP.
19.8.05
Publicada por fitomaia. à(s) 20:57
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