24.5.06

PQPílulas (versão "A Copa do Mundo é nossa")

O poeta anda muito relapso. Nem dominando as avançadíssimas técnicas - para mim, é claro - de atualização via e-mail, não tenho conseguido impor uma rotina ao PQP. Desculpas à parte, vamos às pílulas da semana:





1. A Copa do Mundo está aí. Só dá Weggis na TV e nos jornais e isso não é propriamente inesperado ou ruim. O que me irrita profundamente são as tentativas desenfreadas do povo de lucrar em cima da bola da vez (foi inevitável!) a qualquer custo. E pior: o mau gosto de quem consome as novas maravilhas verdes e amarelas e azuis e brancas de 2006. As meninas, as mulheres e senhoras, gatinhas ou tribufus, já se metem dentro de blusinhas e vestidos que reproduzem medonhamente a bandeira nacional. Os colares de sementes feitos para mauricinhos metrossexuais já pipocam no Saara na versão Sementes Brasilo-radioativas Monsanto. Perucas, pulseiras, bolas, meias, relógios, almofadas, ursinhos, camisetas, camisolas e camisinhas, tudo ao redor me faz crer que contraí um daltonismo tupiniquim.

2. Certamente pior que isso é a maciça lavagem cerebral na cabeça dos pobres-miseráveis-desnutridos cidadãos que não desistem nunca (segundo uma professora minha, esse slogan não pegou) de que eles PRE-CI-SAM de uma TV de plasma de trocentas polegadas para assistir à Copa. Por que será que ninguém explica que não adianta porra nenhuma uma tela de cinema se a TV aberta - a única a que a maioria desses bóias-frias tem acesso – não vai transmitir a Copa em tecnologia digital? Vale a pena dar 8 mil numa TV pra ver o Ronaldo todo achatado, mais parecendo um Papai Noel com alopécia? Eu tenho minhas dúvidas. No fim das contas, ou o sujeito se acostuma a ver todo mundo achatadinho até a TV digital dar as caras por aqui, ou programa o aparelho para visualizar imagens no formato 4/3 e conclui que, no fim das contas, aquela TV comunzinha de 29 polegadas que ele comprou em 18 prestações ainda daria um caldo por bastante tempo.

3. Meninos eu vi: "O Código da Vinci", de Ron Howard. Ao contrário do que afirma o Arthur Xexéo no Segundo Caderno de hoje (24/5), eu não li o ultramega best-seller do Dan Brown, caguei mesmo pro romance meia boca dele, criado em cima de cinco ou seis lendas mais dois ou três acontecimemos verídicos. O que me interessou na fita foi o elenco – leia-se: Tom Hanks – e o diretor, que fez "Uma Mente Brilhante", filme-tipo-burocrático-feito-para-ganhar-Oscar-em-2002 que eu achei bastante simpático. E não, o pior do longa não é o cabelo de Tony "Nikos Petrakis" Ramos do meu querido e amado Tom. A história daria uma ação/suspense gostosa na telona. O problema é que...não deu!!! O filme diverte - você não chega a ficar arrependido de ter saído de casa numa noite chuvosa de terça-feira -, mas fica a alguns anos-luz do rótulo de filmão.

4. Numa noite dessas parei na minha ex-adorada MTV e deparei-me com o tal de "Tribunal de Pequenas Causas Musicais", programinha em que três VJs e três telespectadores debatem temas sugeridos por outros telespectadores. Pois bem, o tema da noite era: "Madonna deve aposentar o collant roxo?". Muita besteira se falou, os fãs presentes demonstraram não serem lá muito versados no assunto e ninguém falou o que eu fiquei com vontade de dizer: por que ela deveria fazer isso? Por que a mulher que sempre contestou o moralismo inútil dos norte-americanos, fazendo disso sua principal estratégia de marketing pessoal, não pode agora entrar num collant? É incoerente para uma cantora super bem estabelecida? INCOERENTE? Mas ora bolas, justo a Madonna? Ela, que dialogou com as adolescentes nos anos 80, mostrando que virgindade é uma besteira, que você tem mais é que namorar e dar e comer e chupar e lamber e que nem sempre aquele papo de que os pais sabem o que é melhor pra você procede; ela que, nos anos 90, mostrou que as mulheres podem ser bem sucedidas, bonitas, independentes e realizarem todas as fantasias sexuais que lhes vierem à mente sem se sentirem pervertidas ou putas; ela que, nos anos 2000, virou esposa, mãe, religiosa, quarentona enxuta e resolveu apenas entrar dentro de um maiozinho para dialogar com as balzacas e mostrar que não há idade para mostrar o corpo e se sentir bela. O que esse povo queria? Um extremismo na alardeada caretice da loira? Que depois de tanto esforço ela se assumisse como velha e se enfiasse dentro de tailleurs até a morte? Não é de se esperar que uma artista que sempre foi antônimo de convenção exiba o sarado corpitcho nos clipes às vésperas dos 50 anos? Então não me venham com discursos moralistas de que ela está apelando e de que não precisa disso porque a música é legal e venderia bem de qualquer jeito e blá blá blá. Uma coisa é a uma das mulheres mais bem sucedidas do showbizz e com duas décadas e meia de estrada rebolar o popô na TV, como quem quer dizer "eu também posso sim, e daí?". Outra muito diferente é a Jessica Simpson e a Britney Spears exibindo o que elas têm de melhor numa idade em que qualquer menina disciplinada e narcisista pode ser igual a elas. Pensem nisso!

5. A Carol comentou ali no mural de recados, na coluna da direita, e me lembrou de dar o balanço da PQP Hot List 2006. Ganhei o DVD "The Immaculate Collection", o livro "Veneno Antimonotonia" – presente maravilhoso da própria Carol –, um livro fantástico sobre o fotojornalismo no Brasil (que não fazia parte da lista apenas pelo fato de eu desconhecê-lo), além da TV tela plana (não é de plasma não, ok?)!!! Isso aí! Mamãe se solidarizou e fez de seu jovem filho do meio um estagiário mais feliz. Sem contar os abraços, beijos, apertos de mão, telefonemas, e-mails e scraps, é claro. E ainda estou aceitando presentes, tá!? Antes tarde do que nunca. Por que o que você chama de cara de pau eu chamo de praticidade e amor próprio.

6. Clique aqui e babe com mais fotos da nova loja da Apple em Nova York. A imagem de abertura deste post é uma delas. Eu quero ir lá! Me leva?

7. Ouvindo: "You only live once", The Strokes.

8. Comenta! Comenta! Comenta! Escrevi pra cacete, né!?


:o)