11.4.07

SÓ DÁ ELAS!

Algumas cantoras que há muito são ou começaram recentemente a ser presença constante nos meus ouvidos estão na área (leia-se: no meu mp3 player) com CDs novos ou nem tão novos assim. Confiram breves opiniões sobre alguns álbuns que o poeta ouviu recentemente:

Jennifer Lopez - Como Ama Una Mujer - duas considerações após ouvir o novo trabalho da cantriz norte-americana: 1. o matrimônio definitivamente não fez bem à J.Lo; 2. cafonice pega. A esposa do astro latino Marc Anthony confiou ao cônjuge e à Emílio Estéfan (marido da Glória) a tarefa de compor as canções de seu primeiro álbum todo cantado em espanhol. O resultado é uma mistura horripilante de Thalia com Roberta Miranda. Fora a apenas correta "Que Hiciste", que abre os trabalhos, em nenhum outro momento o álbum decola. Certamente vai emplacar algumas faixas em trilhas de novelas da Televisa. Aliás, pelo tom de dramalhão que permeia o disco, deve ter sido nas Marias do Bairro da vida que J.Lo se inspirou para construir sua persona latina. Alguém bem que poderia tê-la presenteado com o "Dónde están los ladrones", trabalho impecável da Shakira, de 1998. Talvez, assim, Jennifer tivesse evitado os clichês nos quais chafurda nesse álbum. A musa de ascendência porto-riquenha fala um lindo espanhol, está cantando como nunca, mas o repertório é o erro elevado a enésima potência. Vamos rezar para que o surto seja passageiro e que a popozuda retome logo a boa forma de "On the 6" e "J.Lo", ótimos álbuns que a consagraram no mercado internacional.


KT Tunstall - Acoustic Extravaganza - Tire o excesso de classe da Dido, a chatice da Norah Jones e o perfeccionismo obsessivo da Fiona Apple. Misture o que sobrar e você terá algo bem próximo de KT Tunstall, escocesa que estreou no mercado fonográfico em 2005, com o delicioso "Eye to the telescope". O single "Suddenly I see" foi tema de novela global, uma das músicas mais executadas nas rádios brasileiras em 2006 e você certamente já ouviu. Na esteira do sucesso internacional de sua estréia e adiando a sempre temida prova de choque que é o segundo álbum de estúdio, KT saiu pela tangente e optou por um aperitivo. Gravou ano passado, em formato acústico, um set de lados B, algumas inéditas, além de "Miniature Disaster" e a linda "Universe and U", ambas de "Eye to the telescope". O resultado é sedutor do início ao fim. KT mostra, ao mesmo tempo, que se sai muito bem ao vivo e que tem muitas cartas na manga para futuros projetos. Que venha logo o próximo álbum!


Melanie C - This Time - Depois de vender mais de 4 milhões de cópias de seus três primeiros álbuns solo, fundar seu próprio selo, lançar um DVD ao vivo e conquistar um público fiel em diversos países europeus e asiáticos, Melanie C está de volta em "This Time". A mais bem sucedida das Spice Girls, musicalmente falando, é claro - já que Victoria Beckham sabe explorar muito bem sua imagem e seu (sobre)nome para angariar fortunas -, Melanie não faz feio. O repertório é um pop/rock de qualidade, despretensioso, alternando boas baladas como "The Moment You Believe", "Your Mistake" e "Immune" ("thought i was stronger than love/ but i guess that nobody's immune") e músicas mais agitadas, como a viciante "Carolyna" e a pulsante "Understand", esta com uma levada à la Coldplay. O álbum, independente e distribuído pela Warner, estreou em um injusto 57º lugar nas paradas inglesas, onde a resistência às carreiras solo das Spice Girls é enorme (a folclórica reunião do grupo ainda rende boatos nos tablóides daquele país). Mel merecia ser levada mais a sério. Repertório para isso ela já possui. Há coisas infinitamente piores nas paradas de álbuns e singles inglesas e americanas. Vale a pena se despir de quaisquer preconceitos e dar uma conferida. Recomendo!


Amy Winehouse - Back to Black - tentaram enfiar essa inglesa de 23 anos em uma clínica de reabilitação. Ela não só se negou a ir como transformou o fato em hit. A magrela e exótica (só para ser gentil e não dizer feia) Amy Winehouse, sensação do momento, soa como uma soul diva dos anos 60 em "Back to Black", seu segundo álbum e aquele que projetou sua carreira em dimensões internacionais. A irresistível "Rehab" abre o disco (they tried to make me go to rehab / i said 'no, no, no'/ yes, i've been black but when i come back you'll know, know, know / i ain't got the time and if my daddy thinks i'm fine / he's tried to make me go to rehab but i won't go, go, go...), seguida pela excessivamente honesta "You Know I'm no Good". Destaque ainda para "Me and Mr. Jones", "Love is a losing game" e "He Can Only Hold Her". Billie Holiday ficaria orgulhosa.


Joss Stone - Introducing - A pequena notável (acredite, ela tem apenas 19 anos!!!) cantora inglesa vem ainda mais promissora em "Introducing", álbum que, apesar do título, é o terceiro da carreira de Joss - ela estourou em 2003, com "The Soul Sessions", seguido por "Mind, Body and Soul", de 2004. A justificativa do título é de que este "Introducing" seria o primeiro disco sobre o qual Joss teve total poder de decisão. Certamente teria sido melhor contar com alguém por perto para demovê-la das idéias de tingir os cabelos e de lançar um álbum tão bom com uma capa ridícula. Indo ao que interessa, "Introducing" é uma versão 2007 do bom e velho soul. Ouça "Girl they won't believe it", "Tell me 'Bout it", além das colaborações de Common em "Tell Me What We´re Gonna do Now" e da sempre excelente Lauryn Hill em "Music". Joss é uma adolescente fazendo música de gente grande. Discão!

:o)