21.5.07

ENTEDIANTEMENTE ASSIM...

A preguiça me contamina. São oito horas da noite de segunda-feira, 21 de maio, e eu já não me agüento mais em pé. Dormi mal, acordei mal, comi mal, trabalhei mal e, com total consciência disso, escrevo mal e porcamente esse texto. Ando de saco cheio com a quantidade de afazeres simultâneos e a minha total incapacidade de elencar prioridades, administrar o tempo e cumprir prazos. No fim das contas, acabo fazendo muita coisa às pressas e travando uma batalha interminável com meu perfeccionismo e minha saúde.

Um tédio inconseqüente também tem sido companheiro. Sem tempo para fazer sequer as coisas nossas de cada dia, quero ainda fazer todas as outras. Fugir da rotina, das semanas burocráticas, dos finais de semana ociosos, das sensações mofadas, do eterno déjà-vu. Saudade dos lúdicos tempos de vestibulando em que cursar jornalismo era o vislumbre de uma vida agitada, incomum e sempre outra. Daí você estuda, entra pra faculdade, estuda mais ainda, estagia, trabalha e finalmente conclui que ninguém lhe transmitiu o pilar maior do jornalismo: o voto de pobreza. Jornalismo deveria ser ensinado em conventos e mosteiros. Com muito chope, samba e batata frita, é claro.

Enquanto o mau humor não passa e eu decido se preciso virar um pitboy daqueles que saem na porrada em boites ou procurar um analista, vamos às amenidades. Maria Rita no último sábado, na Fundição Progresso, foi uma delícia. Nunca tinha visto a musa da MPB ao vivo e estava temeroso, levando em consideração as opiniões nada favoráveis de alguns amigos que a conheciam dos palcos.

Nadando contra a maré – literalmente, já que o Rio era só água no sábado à noite – fui lá conferir o que a bela pimpolha de Elis tinha a dizer. Show gostoso, curto porém nada grosso, alternando músicas dos dois álbuns (“Maria Rita” e “Segundo”) em blocos devidamente pontuados por discursos breves da cantora. Maria Rita estava sinceramente emocionada por debutar no palco da Fundição, um espaço que ela freqüenta e admira, e por tanta gente ter “nadado” até a Lapa só para vê-la. Foi uma injeção de ânimo na cansada rotina.

Esticadinha na Lapa, com direito a cabrito com chope junto dos amigos, saboreado a poucos metros de distância de Marcelo D2 e da própria Maria Rita. Antes que você pergunte, não, eu não fui tietá-la, não sou disso. Mas bem que deu vontade, viu?

Domingão chato, cheio de pendências e vontade de fazer nada. Fiquei no meio termo: fiz algo parecido com o esboço de qualquer coisa. O computador pessoal não tem ajudado e, sem ele tinindo, 95% dos afazeres se acumulam e eu arranco os cabelos.

Ah, antes que eu me esqueça: alguém mande URGENTE para Brasília um projeto de lei que torne crime hediondo e inafiançável abandonar a merda de seus lindos bichinhos de estimação em ruas e calçadas. Num domingo à noite, numa rua mal iluminada e em quantidades generosas, o “recado” pode ser uma arma letal. Ou, na menos pior das hipóteses, pode aposentar por invalidez o seu tênis branco predileto.

E já está mais que bom por hoje. Entre desabafos aqui e atendimentos por telefone ali, já passam das nove e eu ainda estou no trabalho. A Hebe me espera, porque a novela eu já perdi. Fui!


:o)