18.4.02

::Confidência

Me sinto tão vazio, tão modificado
Tenho dúvidas do que fazer, das palavras para dizer
Sobre qual tema escrever
Amor, Solidão, Saudade, Futuro, Presente, Passado...
Tô precisando é falar de mim
Tô precisando desabafar
Procuro me entender, tento me achar
No meio de todos, no meio do nada
Neste vasto mundo de fronteira ilimitada
Não estou mais aqui neste Universo
Não estou mais comigo, não estou nos meus versos
Que agora falam por si só
Que me impedem de entender
Se sou o único incompreendido, o único a sofrer
As lágrimas beiram a cair, a caneta treme em minhas mãos
Por um momento esqueço a vida, a família, os amigos, os irmãos
E pela janela do quarto olho a Natureza lá fora
E me sinto aqui preso
Pela dúvida, pela diferença que em mim ainda mora
Tento me libertar, aliás, às vezes não penso em outra coisa além disso
Mas a razão vem (maldita razão) para me alertar, me dar “juízo”
E agora o pensamento vaga, as idéias escapam
Os sentimentos se escondem
Tenho medo do daqui a pouco, do amanhã
De algo, de alguém, d’algum lugar, de tudo
E quando penso livrar-me do medo. . . me iludo
Respiro, penso, tento escrever um pouco mais
Mas agora a tristeza retorna, o vazio se transforma
As mãos tremem, a caneta quase não funciona
Agora tenho vontades, tenho dores, tenho desejos
São sentimentos múltiplos que me confundem enquanto vejo
A Natureza lá fora, imponente, senhora de si
Os pássaros can. . . tan. . . do
Desculpem-me, mas não pude conter, a lágrima quis cair
Fico meio sem-jeito de chorar aqui
Na frente desse papel, dessa caneta, desse texto que estou a escrever
Mas quem liga, ninguém vai saber
Tento, retento, penso no que dizer, falar
Mas as idéias cada vez mais
V . . . a . . . g . . . a . . . s
Resolveram me abandonar
E meu coração vago, não mais que minha terra e meu céu
Sofre de dúvida, dor que assombra o meu eu
Invade o Universo, rouba o meu verso
E faz com que uma lágrima caia sobre este papel