28.4.02

::Um

Corri o quanto pude
Evitei parar e refletir
Sem aviso fui embora
Sem nem ter pra onde ir
Deixei tudo pra trás
Os restos da ilusão
Na bagagem esperança
Um tênis velho e o coração
Que ainda grita o teu nome
Desesperadamente
Que ainda desperta em mim
Os desejos mais ardentes
Cada vez que me lembro
Da tua pele, do teu calor
Dos beijos inebriantes
Das carícias de amor
Dos prazeres mais íntimos
Que estavam em jogo
Da metáfora recorrente:
Nós dois pegando fogo
E queimando, queimando...
Até não sobrar nada
Só cinzas e dor
E uma porta aberta rumo à estrada
Na qual eu corro, corro...
Tento fugir de mim
Negar cada sentimento
Pra recomeçar enfim
...Ah, se fosse fácil
Deixar o mundo pra trás
E fazer tudo de novo
Já sabendo como se faz
É um desejo perfeito
Mas o coração dentro do peito
É burro, é torto, incapaz
E em vez de querer a revolta
Tenta o caminho de volta
Pra viver o que não dá mais
E me faz sofrer, faz chorar
Enquanto corro estrada afora
A distância dos corpos aumenta
A lembrança fica, mora
E eu fujo, fujo, fujo...
Numa correria vã
Cujo fim sempre será
Amanhã... Amanhã...
Pois quanto mais eu me afasto
Mais me sinto dependente
Do teu carinho
Dos teus abraços
Do teu corpo envolvente
Quanto mais eu tento achar
Um novo rumo, uma nova saída
Mais eu faço de você
Uma necessidade em minha vida
E quanto mais eu tento me convencer
Que eu sei muito bem seguir
Meu caminho sem amor algum
Mais fácil fica perceber
Que eu e você
Há muito já somos um