O Natal me fez voltar...
E não é que antecipei a volta programada apenas para 2006? Depois de imprevistos envolvendo meu querido e amado e ex-pré-histórico PC, o blog retorna com algumas linhas rapidamente traçadas anteontem (24/12) e publicadas em meu fotolog (www.fotolog.com/poetaquepariu). Ainda com um template 'vagabound', mas providenciarei o estilo PQP de ser nos próximos dias, assim como um espaço para comentários. Por enquanto, as opiniões de vocês serão muito bem vindas no rafaelmaia@gmail.com ou em qualquer modo que vocês tenham de entrar em contato com este tão recentemente incomunicável poeta. Beijos e abraços!
Chega um dia em que a gente entende que Natal não é o Papai Noel, os presentes vendidos no intervalo da novela e as musiquinhas bregas repetidas ad infinitum no mês de dezembro (parênteses necessários: eu ODEIO canções natalinas!). Há quem diga que esse fatídico dia representa a perda da pureza, da inocência, da ingenuidade e de uma época boa da vida chamada infância, quando ficamos fantasiando e colorindo com hidrocor o mundo que ainda não tivemos tempo de conhecer. Quem não se lembra do dia em que viu o pai ou a mãe arrumando os presentes em volta da árvore de madrugada, supondo que as crianças roncavam? O que dizer então do primo ou do irmão mais velhos e pentelhos, que jogavam um balde de nanquim na sua imaginação ao dizer qual era o seu presente e em que porta do armário ele já estava guardado a uma semana da programada vinda do bom velhinho?
Se os pequenos conseguissem se ater a detalhes importantes, como o fato de o Papai Noel beber Coca-Cola (aliás, o vermelho e branco vêm daí), já iam desde cedo sacar que tem boi nessa linha. E o boi é o seu pai, marido da vaca da sua mãe, ambos habitantes desse pasto traiçoeiro, movediço e sedutor chamado sociedade de consumo. Mas eles não têm culpa, coitados. O gado há muito já nasce adestrado. Não são poucos os relatos de bebês mundo afora que, ao romperem o ventre materno, trocam o tradicional choro por um "just do it" ou "amo muito tudo isso". Propaganda é a alma do negócio. E das pessoas. E se alma e espírito forem a mesma coisa (preciso perguntar ao Walcyr Carrasco), o espírito do Natal será também fruto de uma grande propaganda?
Prefiro crer que não. Natal, pra mim, é, ou deveria ser, um período de reflexão, congraçamento, união, harmonia, de coisas boas e bonitas. Não, não tô falando da Gisele Bündchen, muito menos da Cleo Pires. São coisas boas e bonitas num outro aspecto. É o dia em que é permitido olhar as pessoas que você ama nos olhos e deixar saltar esse amor pra além dos limites do seu corpo e do seu coração egoísta, que não compartilha o que existe dentro dele todo dia. Falo em permissão porque, nessa bola meio torta onde a gente vive, é mais fácil encontrar pessoas com coragem para beijar e entregar o próprio corpo a alguém que nem nome tem do que gente capaz de te encarar de frente e dizer "eu te amo". Se faz-se necessário um dia oficial para tal atitude, que seja o Natal. Mas que fique bem claro que isso não é lei. Declarações de amor podem ser feitas em qualquer dia, hora ou lugar. Como o Carnaval, que antigamente era quando você podia sair dando (para) ou comendo todo mundo. Hoje continua assim, o que mudou foi a duração da festa pagã: começa em janeiro e termina em dezembro!!!
Portanto, nesse dia 25, mande o Papai Noel tomar no cu e faça você mesmo a alegria da garotada e da velharada. Com um telefonema, um email, um scrap, aperto de mão, um abraço, um beijo, um desentupidor de pia com direito a lambidas no queixo e no cantinho das orelhas, um chega mais, uma punheta, uma siririca, uma lingüinha nervosa, um boquete, o que convier. Expresse da melhor forma possível o quanto as pessoas que o rodeiam são importantes para você. Cultive o amor, a vida, a paz e a felicidade. Esse sim é o verdadeiro espírito do Natal.
Feliz Natal!
(sem jingle bells, pelamordedeus!)
:o)
26.12.05
Publicada por fitomaia. à(s) 04:02
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