28.11.06

DO VAZIO EM MINHA CAMA (OU DA SUPERLOTAÇÃO MENTAL)


Terça-feira, 28 de novembro de 2006. O relógio marca quatro horas e nove minutos da madrugada, insinuando que eu deveria estar em pleno rapid eye movement. A insônia, porém, me faz levantar e religar o micro, onde estive trabalhando até poucas horas atrás, para digitar essas linhas. Maldita hora em que dei uma última espiada no celular antes de dormir – sempre faço isso, mania mesmo, seja para ver a hora, o nível da bateria ou ainda “O Sonho”, de Picasso, que uso como papel de parede. Hoje, melhor dizendo, há poucos minutos, nada me chamou mais atenção do que a data: VINTE E OITO DE NOVEMBRO.

Como é que pode, gente? Ontem mesmo o mês havia começado e eu, numa atitude tão insana quanto desesperada, havia decidido mudar o tema do meu projeto de fim de curso. E hoje, cá estou eu, prestes a concluir entrevistas, transcrevendo fitas, lendo textos, caçando vinhetas e músicas, com as palavras ROTEIRO e PRAZO estampadas em letreiros megalomaníacos em qualquer lugar para onde vou e olho, completamente alheio à cotação da bolsa, à agenda dos políticos ou ao roteiro cultural da cidade. Aliás, para que lado é o cinema mesmo? Juro que esqueci!

O máximo que deu tempo de conferir nos últimos dias foi a excelente performance de Bruce Gomlevsky como Renato Russo no musical que leva o nome do roqueiro, em cartaz no Centro Cultural Correios, no Centro do Rio. Se você é fã de Legião Urbana, certamente sairá do espetáculo de alma lavada. E se, assim como eu, acompanhava razoavelmente o trabalho de Renato e sua banda, apaixonar-se-á pelos dois e morrerá vontade de chegar logo em casa para ouvir aqueles CDs antigos.

Voltando ao projeto final, não quero adiantar muitos detalhes por enquanto. Superstição mesmo. Assim que ele tiver princípio, meio e fim, eu conto do que se trata. Por ora, preciso dizer que tornar esse projeto realidade tem sido uma experiência muito mais desafiadora e saborosa do que jamais supus. No início, foi difícil me convencer de que era uma decisão acertada largar para trás livros, textos, artigos, sites, leis e meses de pesquisa dedicados a um projeto que simplesmente não estava caminhando. Um insight daqueles sob encomenda, ao fim de uma noite insone como a de hoje, me mostrou o que eu deveria fazer.

Ainda há muito trabalho, e o fim das férias no estágio encurtará ainda mais o tempo e fará dessa fase final algo entre a esquizofrenia e o suicídio. Espero chegar à linha de chegada vivo. Conto com a torcida da minha meia dúzia de leitores.

Caso você tenha lido este texto até o fim, muito obrigado, você realmente gosta do PQP. Reconheço que ele está sofrível, mas a necessidade de escrever é grande, porém não tão intensa é a criatividade. O sono começa a se manifestar e lá vou eu me forçar a um breve cochilo, brevíssimo, aliás, visto que tenho algumas entrevistas para gravar agora pela manhã. Sem mais delongas, me despeço com a sensação de que, há muito tempo, não fazia do meu blog algo tão próximo do significado desse anglicismo: um diário virtual. Num tô bem...